Valter e Petúnia Dursley

A tia e o tio de Harry se conheceram no trabalho. Petúnia Evans, extremamente amargurada pelo fato de seus pais valorizarem mais sua irmã bruxa do que a valorizavam, deixou Cokeworth para sempre, para fazer um curso de digitação em Londres. Isso a levou a trabalhar em um escritório onde ela conheceu o extremamente Trouxa, cabeça-dura e materialista Valter Dursley. Gordo e sem pescoço, esse executivo júnior parecia um modelo de masculinidade para a jovem Petúnia. Ele não apenas correspondeu a seu interesse romântico mas também era deliciosamente normal. Ele tinha um carro perfeitamente correto e queria fazer coisas extremamente ordinárias. Depois de levá-la em uma série de encontros sem-graça, durante os quais ele falava principalmente sobre ele e suas ideias previsíveis sobre o mundo, Petúnia sonhava com o momento em que ele colocaria um anel em seu dedo.

Quando, Valter Dursley propôs o casamento, muito corretamente, de joelho, na sala de estar de sua mãe, Petúnia aceitou sem piscar. A única coisa que poderia estragar seu momento era o que seu noivo pensaria da sua irmã, que estava em seu último ano na Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts. Valter conseguia desprezar até pessoas que usavam sapatos marrons com ternos pretos; o que pensaria ele de uma jovem que passava a maior parte de seu tempo vestindo longas vestes e conjurando feitiços? Petúnia mal conseguia pensar.

Ela confessou a verdade durante um encontro choroso, no carro escuro de Valter, enquanto eles observavam a loja onde Valter tinha acabado de comprar lanches depois de um filme. Valter, como Petúnia esperava, ficou completamente chocado; apesar disso, ele disse para Petúnia que nunca usaria contra ela o fato de que ela tinha uma irmã esquisitona, e Petúnia se jogou com tanta força para cima dele, com tanta gratidão, que ele derrubou seu enroladinho de salsicha.

O primeiro encontro entre Lílian, seu namorado Tiago Potter, e o casal noivo correu mal, e a relação dos casais desandou a partir daquele momento. Tiago achou Valter muito engraçado e cometeu o erro de demonstrar isso. Valter tentou ser superior a Tiago, perguntando que carro ele dirigia. Tiago descreveu sua vassoura de corrida. Valter supôs, em voz alta, que bruxos deveriam viver de auxílio-desemprego. Tiago explicou sobre Gringotes, e a fortuna que seus pais guardavam lá, em ouro puro. Valter não sabia dizer se ele estava sendo engraçadinho ou falando sério, e ficou enraivecido. A noite terminou com Valter e Petúnia saindo irritados do restaurante, enquanto Lílian chorava e Tiago (um pouco envergonhado) prometia consertar as coisas com Valter na primeira oportunidade.

Isso nunca aconteceu. Petúnia não quis Lílian como dama de honra, porque estava cansada de ficar sob a sombra de sua irmã e Lílian ficou ressentida. Valter se recusou a falar com Tiago na recepção, mas o descreveu, de forma que Tiago pudesse ouvir, como ‘algum mágico amador’. Uma vez casada, Petúnia foi se tornando mais e mais como Valter. Ela amava sua casa quadrada no número quatro da Rua dos Alfedeiros. Ela estava a salvo de objetos que tinham comportamentos estranhos, de chaleiras que de repente começavam a tocar uma música quando ela passava ou longas conversas sobre coisas que ela não entendia, como ‘Quadribol’ e ‘Transfiguração’. Ela e Valter decidiram não ir ao casamento de Lílian e Tiago. A última correspondência que recebeu deles foi o anúncio do nascimento de Harry, e depois de um olhar zombador, Petúnia jogou-a no lixo.

O choque de encontrar seu sobrinho órfão na porta um pouco mais de um ano depois foi muito grande. A carta que o acompanhou relatou como seus pais haviam sido assassinados e pedia aos Dursleys que o levassem. Explicou que, devido ao sacrifício que Lilian fez ao dar a sua vida por seu filho, Harry ficaria a salvo da vingança de Lorde Voldemort enquanto ele pudesse chamar o lugar onde seus parentes ainda existiam de lar. Isso significava que o número 4, Privet Drive, era seu único santuário.

Antes da chegada de Harry, Petúnia tornou-se mais determinada em evitar todas as conversas sobre sua irmã na casa dos Dursleys. Petúnia sentia um pouco de culpa sobre o modo como ela cortou Lilian (que ela sabia, no fundo do seu coração, que sempre a amou) fora de sua vida, mas este sentimento foi enterrado sob ciúmes e amargura consideráveis. Petúnia também enterrou um desejo antigo (que nunca confessou a Valter) que ela também mostrasse sinais de magia e fosse levada a Hogwarts.

Lendo o conteúdo chocante da carta do Dumbledore que lhe dizia como Lilian morrera bravamente, ela sentiu que não tinha outra escolha a não ser criar Harry junto ao seu próprio filho, Dudley. Ela fez isso a contra gosto e passou a infância de Harry toda o castigando por suas próprias escolhas. A aversão de tio Valter a Harry era em parte, como a do Severo Snape, por causa da semelhança de Harry com o pai que ambos não gostaram.

Suas mentiras para o Harry sobre como seus pais haviam morrido eram baseadas principalmente em seus próprios medos. Um mago negro, tão poderoso como Lorde Voldemort, era assustador demais para eles, e, como todo assunto que era perturbador e desagradável, eles o descartavam de suas mentes e criaram a história do “morto em um acidente de carro". Eles contaram tanto essa história que quase conseguiram acreditar que essa era a verdade.

Apesar de Petúnia ter crescido perto de uma bruxa, ela é completamente ignorante sobre magia. Ela e Valter compartilham de uma ideia confusa de que, de alguma forma, eles conseguirão espremer a magia para fora de Harry, e em uma tentativa de jogar fora as cartas que chegam de Hogwarts no décimo primeiro aniversário de Harry, eles se cruzam com uma velha superstição de que bruxas não conseguiriam cruzar água. Como ela viu frequentemente durante sua infância Lílian pular sobre pedras em riachos, ela não deveria ter ficado surpresa ao descobrir que Hagrid não teve dificuldades para cruzar o mar tempestuoso até a cabana sobre as pedras.

Pensamentos de J.K Rowling

Valter e Petúnia Dursley foram sempre tão necessários à criação que nunca passaram por um teste de nomes como vários outros personagens. “Valter “era simplesmente um nome com o qual eu nunca me importei. “Petúnia” era o nome que eu sempre dava para as personagens femininas desagradáveis das minhas brincadeiras de infância com minha irmã Di. De onde eu o tirei eu nunca tive certeza, até que recentemente um amigo me mostrou informações de filmes e desenhos que passavam na televisão na época (ele reuniu várias coisas e as colocou em seu laptop para mim). Um deles era um desenho animado onde um casal ficava sentado na areia aproveitando seu piquenique e assistindo a um homem se afogar no mar a frente deles (o nome do filme era “Chame o Salva-Vidas”). O marido chamava sua esposa de Petúnia e eu me perguntei de onde afinal eu tinha tirado esse nome, porque eu nunca conheci ninguém chamado “Petúnia”, ou, que eu saiba lido sobre. O subconsciente é uma coisa muito curiosa. A personagem Petúnia era gorda e rechonchuda, então tudo que eu peguei dela foi o seu nome.

O sobrenome “Dursley” foi tirado da cidade homônima situada no Condado de Gloucester, que não fica muito longe de onde eu nasci. Eu nunca visitei Dursley, e espero que seja cheia de pessoas charmosas. Foi mais pelo o som da palavra para mim, e não uma associação ao local.

Os Dursleys eram preconceituosos, mente fechadas, ignorantes e intolerantes; a maioria das coisas que eu não gosto. Eu quis sugerir no ultimo livro, que algo bom (um amor há muito esquecido mas vagamente ardente pela sua irmã e a percepção de que ela nunca mais veria os olhos de Lilian novamente) quase se tornou perceptível na tia Petúnia quando ela se despediu de Harry pela última vez. Embora alguns leitores quisessem mais da tia Petúnia durante esta despedida, eu ainda acho que eu tenho seguir um comportamento de maneira consistente com seus pensamentos e sentimentos ao longo dos sete livros anteriores.

Ninguém esperava nada do Tio Valter então ninguém ficou decepcionado

Revisão: Liliane Senna

Texto Original: https://www.pottermore.com/writing-by-jk-rowling/vernon-and-petunia-dursley